Segundo o texto do Prose Edda, Var ouvia todos os juramentos humanos, principalmente os votos e as promessas feitas por homens e mulheres e premia aqueles que não os cumpriram. Seu nome é relacionado às palavras norueguesas varda (garantir), vasas (contratos e juramentos), vardlokur (canção de proteção), ao alemão wahr (verdadeiro) e ao inglês aware (percepções consciente). Ela personificava o conceito idealizado da verdade e da justiça; com o título de "A Cautelosa", ensinava prudência e lealdade. Sua missão era fazer respeitar a verdade e lealdade a ela punia os perjúrios e transgressores dos juramentos.
A proteção de Var é mais moral do que física, pois ela zela pela integridade do espírito. Seu poder está presente nas palavras usadas para expressar intenções, decisões, afirmações e promessas, pois a energia dos sons se manifesta no plano material através das ações. Por isso, ela recomenda cautela e discernimento antes de assumir qualquer compromisso ou fazer alguma promessa, para não ter que pagar o preço pela sua quebra. Assim como já foi mencionado na antiga sociedade nórdica, um juramento formal ou um compromisso assumido eram vistos e respeitados como atos valiosos, como um significado profundo e mágico, cujo cumprimento era interligado coma honra, a sorte e o destino de quem assumisse, e também de toda a sua família. Se o juramento fosse feito sore um projeto sagrado (anel [Tolkien], espada, bastão ou pedra) criava-se um poderoso elo sutil, que jamais podia ser removido, por ter formado um caminho energético aberto para as consequências dele resultantes e que arrastavam junto quem o proferisse.
A troca formal de presentes implicava em um compromisso baseado na confiança e lealdade mútua, visto como um intercâmbio entre a sorte e o destino para selar o acordo, a amizade ou uma transação financeira. O ato de dar e receber um presente entrelaçava a honra - como já foi disto em um post anterior - as intenções e o destino dos participantes com laços energéticos indestrutíveis.
O casamento unia duas famílias e os respectivos clãs que depois iam partilhar sua honra, sorte e destino, por isso as escolhas dos parceiros eram feitas co muita cautela e com consentimento de todos os familiares. Além dos presentes pré-nupciais para os pais e os noivos, o marido devia dar um presente especial para sua esposa no dia seguinte à união, selando assim uma concretização física e espiritual. Se o casamento fosse desfeito posteriormente, os presentes eram devolvidos aos doadores, sem que os ex-noivos guardassem alguma coisa devido ao seu simbolismo era festejado com comida e bebida, aos brindes feitos de maneira formal e sagrada, usando o simbolismo de bragarfull, o cálice sagrado das antigas cerimônias.
Se não fosse dada a devida importância aos compromissos e promessas, o poder das palavras e intenções era anulado, mesmo se este fato não fosse reconhecido. Os nórdicos (assim como os celtas) sabiam que o espírito era fortalecido acada vez que as ações refletiam as intenções das palavras, bem como ele enfraquecia quando as promessas não eram seguidas. As mentiras e o não comprimento das promessas diminuíam a força mágica das palavras, que não mais se repercutiam nos níveis sutil e por isso as intenções e os pedidos expressos nos rituais não se concretizavam, por não reverberarem no plano astral. Os povos antigos conheciam e respeitavam tanto o poder, quanto o perigo oculto contido nas palavras e na troca de presentes e votos, evitando assim a incidências dos efeitos negativos em consequência da quebra de um compromissos.
Var, como testemunha dos juramentos, se assemelha aos deuses Tyr, Thor e Ullr, mas ela não se limita apenas aos compromissos formais e públicos, abrange também os informais e particulares. Sua presença sutil registra todas as palavras e promessas, mesmo as feitas de forma leviana ou impensada, aconselhando cautela e respeito para não enganar ou iludir alguém. Var não é uma deusa punidora e cruel, mas a intermediária entre causa e efeito, palavras e consequências, a retribuição sendo proporcional às intenções que lhe deram origem. Acreditava-se que Var residia no calor e brilho das lareiras, sendo descrita como uma aparição fugaz e luminosa, atuando como uma testemunha silenciosa e sagrada. Sua natureza era digna, austera e firme, sem ter a compaixão ou consolo dado por outras deusas; por isso não era invocada sem que a pessoa tivesse certeza de que os compromissos por ela assumidos e as promessas feitas seriam realizados.
Para consagrar uma união, pedia-se a Var sua bênção como palavras adequadas, expressando a intenção de manutenção dos votos, selados com brindes e a troca de um presente significativo (anel, talismã, pedras preciosas, objeto de valor) ou um contrato que beneficiasse ambos os noivos, previamente elaborado, com cautela e com a previsão a longo prazo das suas consequências e responsabilidades, enunciado e firmado sobre um substrato material adequado (anel, bastão, emblema, brasão).
Nenhum comentário:
Postar um comentário