domingo, fevereiro 19

AS GRANDES SENHORAS: GEFJON, A Doadora, A Trabalhadora.



Apesar de aparecer nos mitos, poemas, arte e lendas como uma deusa com identidade bem definida, Gefjon pode ser considerada como intermediária entre os atributos de Frigga e Freyja, cujos poderes proporcionam a todos que invocavam os meios necessários para a sua sobrevivência material originou-se do verbo gefa significando "dar" da runa "gebo", "presente, generosidade" e também associado à palavra geofon "mar", pela sua ligação com a ilha dinamarquesa de Sjelland (ou Zealand). Não há evidencias de que ela fosse uma deusa do mar, mas sim a regente da agricultura e associada ao ato de arar a terra.
Na antiga cultura nórdica os conceitos de "dar" e "presente" tinham um significado profundo e mágico, indo além da simples troca de posse física. Um presente representava uma comunhão entre as mentes e as vidas do doador e receptor, com conotação de inspiração e conexão espiritual, quando eram feitas trocas entre deuses e seres humanos. Dar um presente aprofundava os laços na sociedade, criando elos de interdependência , mitigando disputas feudais sem derramar sangue e entrelaçando indivíduos isolados para uma cooperação visando o bem comum. Presentes eram usados para selar acordos, transações financeiras, consagrar uniões e ratificar compromissos e armistícios, representados pelas oferendas nos rituais.

A relação entre hóspede/hospedeiro e o conceito da doação são evidentes no mito da Gefjon contado por Sturluson e amplamente conhecido. O rei Gylfi ficou muito encantado com as piadas e brincadeiras de uma atraente visitante hospedada em seu palácio. Para recompensa-la, lhe ofereceu um pedaço de terra do tamanho que ela e quatro bois pudessem arar durante um dia e uma noite. A mulher - que era a deusa Gefjon - trouxe de Jötunheim seus quatro filhos, gerados com um gigante, que ela metamorfoseou em bois. Juntos eles araram uma enorme extensão de terra ao longo da costa, até separá-la do continente tornando-a uma ilha, chamada Sjaelland (a maior da Dinamarca e sede da cidade de Copenhagen). Olhando para o mapa  do sudeste da Suécia, o formato do lago Mälaren corresponde exatamente ao da ilha.


Gejfon é considerada a padroeira da Dinamarca, e há uma imponente estátua dela numa carruagem puxada por quatro bois no centro de Copenhagen; mas ela também é ligada a Suécia, de cuja terra ela cortou a ilha. Na saga Ynglinga conta-se que Gefjon teria casado com o lendário rei danês Scyld, filho de Odin, tornando-se os ancestrais da dinastia real chamada Scyldings. O nome do filho de Gefjon aparece em vários lugares da Dinamarca, e ela também tinha um santuário em Leire. Em algumas imagens gravadas no Periodo Viking aparece uma mulher segurando um arado puxado por quatro bois, possível alusão ao seu mito.


(Estatua em Copenhagen)






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