sexta-feira, novembro 7

Crônica: O foco do guerreiro, 03: Fúria.



Depois do acontecimento da noite anterior, da qual todos de Beorstigen viram e ouviram os acontecimentos, tudo mudou.

Era 19 de Julho, Yule em Beorstigen... Como eu era imprudente, eram bons tempos ... e maus. Estava acompanhado de um grande companheiro, um sujeito de cabelos longos, farta quantidade de espinhas no rosto, um sotaque diferente do usual em Beorstigen e estávamos na nossa glória de batalha, os dois com uma cota de malha com nosso emblema às costas.

Chegando a feira, encontramos uma antiga amiga, companheira de algum passeio estranho ou amiga de algum amigo, não me recordo muito bem. Odran, o Incrível - o rapaz loiro, que me acompanhava... Seu título era O Incrível meramente por uma ótima pessoa e excelente companheiro - se encantou instantaneamente pela garota que encontramos e fomos parar na Taverna DraveLuob, ao lado da grande feira. 

Me servi de cerveja azeda e Odran, com um liquido da cor de água, com aroma fortíssimo, dizem que vem das terras dos Yetis, os gigantes de gelo do mundo oriental. Após uma breve conversa entediante para mim, voltamos à frente da grande feira, nos despedindo da garota. 
Fantasiado ainda pela tal beleza estonteante da menina, Odran não tinha outro assunto - confesso, estava muito entendiado - e dei toda atenção que tinha, pois adorava Odran e ele era, realmente Incrível.
      Mal sabia eu, que meu destino mudaria.
      E mudou.

Passamos por um grande castelo, que era usado como comercio entre guerreiros de baixo e alto escalão. Uma pena preta passou por mim, apaixonando meus olhos para tal sinal vindo do destino, acompanhei seu trajeto flutuante até quando o sol estava ofuscando minha visão, foi então que eu a vi.

Uma Duquesa, uma guerreira, a mulher que eu queria ter pra toda minha vida, seu nome? Impronunciável, pois vinha de outra língua da qual nunca me prendi a aprender, mas dizem que seu nome é tão mágico, que pode ser lido de trás pra frente, sem perder o significado. Estremeci ao pensar em tal magia.

Eu era famoso e ela havia me avistado, acenou junto com sua companheira e Aviur, o druida. Estava tudo ótimo e não conseguia parar de olhar a Duquesa, ela era encantadora - e ainda é - seus cabelos vermelhos cor de sangue, jorrando sobre seu ombro, um amuleto de machado feito de um material não tão precioso quando prata pendia em seu pescoço, seus olhos de uma natureza fascinante fazendo todo e qualquer humano desse mundo paralisar ao olhar, mas me paralisou de outro modo.

Depois de algum tempo, iríamos todos para uma grande arena assistir alguns julgamentos dos guerreiros que precisavam ser libertos ou, mortos. A Duquesa, incrivelmente nos acompanhou. Odran, estava demasiadamente bêbado por conta de sua bebida transparente. Chegando lá, vimos que poderia ficar muito melhor, pois um bando de arruaceiros e guerreiros de outra legião estavam atacando a cidadela, da qual, não me importei em saber o nome e, vieram nos atacar.

Deixei Odran guardando a retaguarda com Aviur proferindo encantos pulando com uma perna só e uivando feito um lobo no cio, eu puxei das costas dois machados curtos, um com dois gumes na mão direita e outro um gume só na mão esquerda. O de um gume só, usava para baixar os escudos e o de dois gumes, eu os aniquilava. Estava na minha fúria de guerreiro, matando incessantemente todo e qualquer inimigo que aparecia em minha frente, foi quando observei ela em luta... A Duquesa, tinha um grande embrulho de couro às suas costas, logo quando começaram a nos atacar, ela o desembrulhou e de lá, algo que eu nunca havia visto na minha vida, um machado com um cabo maior que qualquer braço que passara por meus olhos, todo cravejado de runas e símbolos que mais tarde fiquei sabendo que era a língua dos anjos. Ela manejava a grande arma, como se fosse uma pena, maravilhosa em batalha.
Mas não pude observa-la muito em batalha, pois eles queriam me matar.

- Duquesa, venha para perto de mim - gritei desesperadamente.
- Fique calmo guerreiro, sei o que estou fazendo - Disse ela, tão calma que me assustou
     E ela sabia mesmo.

Três ladrões vieram à mim com facas curtas, trinquei os dentes e coloquei meu pé direito à frente, pois eu sou canhoto e meu pé de conforto é o esquerdo. Aparei o primeiro golpe de faca por baixo e desci o machado com dois gumes na garganta de um ladrão, que caiu gorgolejando sangue. Outro assustado com minha força correu, enquanto o terceiro tentou rasgar minha garganta e um grande machado dourado, agora machado de sangue desceu em sua costela. Na hora não vi nada, pois estava em júbilo da batalha, estava em Fúria mais tarde soube que era Ela.

Corri para pegar outro enquanto a Duquesa manejava seu grande machado com uma dança rítmica e uma canção da qual eu não ouvia, pois estava cantando a minha também e o sibilar dos meus machados eram sua melodia. Nós dois, matamos cerca de 30 ladrões.

A matança simplesmente acontece e hoje não preciso contratar nenhum bardo para contar minhas histórias em batalha, pois ainda se lembram de mim e da Duquesa batalhando juntos naquela noite. 
Depois de saquearmos todos os ladrões e dividirmos os pertences, percebi que algo a mais estava entre nós dois, pois estávamos ligados em batalha, ligados pelo derramamento de sangue. 

- Poderia haver mais - disse ela quebrando o silêncio.
- Sim.
- Perdeu a língua, guerreiro? - O "guerreiro" saiu com um tom sarcasticamente encantador.
- Talvez sim, hoje pela tarde.
- Eu entendi seu olhar ... Espero que tenha entendido o meu também - ela se aproximou e disse ao meu ouvido, como a voz de uma deusa - Guerreiro. 

Eu estava atônito, e quando ela estava indo embora, eu a trouxe perto de mim, não poderia deixar esse sinal escapar...


Meu destino havia mudado...

Ainda hoje, eu ainda gosto de contar como consegui conquistar tal Duquesa, por mais que ela sempre ache a história entediante.

Se a minha idade permitir, continuarei contando essa história, pois, nem sempre nossos fios foram totalmente dourados, houve eras de um fio mais negro que a parede da taverna que ficávamos.

Agora preciso descansar, minha mão dói ao sentir o frio da chuva.

O destino é tudo e, por mais que eu não saiba o motivo, ele sempre me ajuda.