domingo, fevereiro 19

AS GRANDES SENHORAS: Frigga, A Amada.



Frigga, filha da deusa da terra Fjorgyn e irmã do deus Thor, rainha dos deuses Aesir e das deusas Asynjur e cujo nome significa "A amada", tinha herdado da sua mãe as qualidades telúricas e a sabedoria. Ela era representada como uma mulher madura, alta e bonita cabelos prateados trançados e com fios de ouro e coroada com penas de garça (símbolo de quietude e discrição), vestida com roupas brancas ou azuis, usando joias de ouro e âmbar e tendo no seu cinto dourado, um punhado de chaves, símbolo da autoridade das mulheres nórdicas casadas, cuja padroeira era ela.
Apesar da sua origem telúrica, ela também tinha atributos celestes, supervisionando do seu trono acima das nuvens tudo o que se passava nos Nove Mundos e compartilhando observações com seu marido Odin. Ela detinha o conhecimento do futuro, mas sem jamais revelá-lo, qualidade transmitida às suas protegidas, ensinando-as a respeitar os segredos dos mistérios femininos e o silêncio sobre suas visões e previsões. Apesar de aparecer nas imagens junto de Odin no seu trono Hlidskialf, ela preferia ficar em Fensalir, o palácio no meio da névoa marinha, cercada dos casais que tinham tído vidas honradas e que mantiveram seus juramentos de compromisso: assim eles podiam desfrutar da companhia mútua mesmo após sua morte, sem precisar se separar.
Por isso Frigga era reverenciada como a deusa do amor conjugal e familiar, além de reger a maternidade, os relacionamentos e sociedade, o nascimento e cuidados como as crianças, os afazeres domésticos, a proteção dos lares e a arte de fiar e tecer. Junto com as Nornes e Disir, ela modelava e tecia o destino das crianças, sendo invocada pelas mulheres em idade fértil, gestantes, parturientes e mães. No seu tear dourado, que ela passava depois às Nornes. O seu fuso e a roda de fiar brilhavam no céu noturno; a constelação de ORION era conhecida como o "Fuso de Frigga" e a Ursa Menor como "a carruagem de Frigga", o céu estrelado sendo visto como o seu próprio manto. Além de usar um manto de veludo azul ou cinza bordado com estrelas, ela possuia também - assim como Freyja - outro de penas de falcão, que lhes conferia o dom da metamorfose e habilidade de se deslocar voando no céu entre as nuvens.
Considerada a primeira de Odin e a única com qual ele conviveu, era sua amiga e conselheira; apesar de citada em alguns mitos competindo com suas rivais, amantes de Odin (as deusas Rind, Skadhi, as nove Donzelas das Ondas e as gigantas Gunnlod e Grid) ela jamais demonstrou ciúme e vingança, como a deusa grega Hera e a romana Juno, tendo uma postura altiva e segura ao seu status de Rainha Celeste. Por "tudo ver e saber" Frigga acompanhava as aventuras de Odin com condescendência, tolerância e paciência, sem jamais se vingar. Ela aconselhava Odin usando sua sabedoria e, às vezes, agia de forma contrária aos seus desejos e intenções, favorecendo seus heróis preferidos e dando-lhes a vitória nas batalhas (como no Mito dos Longobardos) ou cuidando de um irmão (Agnar) enquanto Odin protegia o outro (Geirrod) como foi descrito no mito de Odin.
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O Mito dos Longobardos.


Frigga e Odin tinham opiniões contrárias em relação as duas tribos que guerreavam entre si, os Winnilers e os Vândalos. Odin tinha decidido garantir a vitória dos Vândalos, mas Frigga discordava do Pai Supremo, o que a determinou usar sua habilidade e perspicácia para criar um estratagema, em lugar de prolongar a disputa conjugal ou contrariar frontalmente Odin. Como os cônjuges tinham chegado a um acordo de dar a vitória aos primeiros guerreiros que Odin visse quando despertasse no dia seguinte (ele sabia que os Vândalos estavam acompanhados na direção da sua janela), Frigga, conhecendo sua intenção, astutamente elaborou uma solução.
Ela enviou um mensageiro aos Winnilers aconselhando que eles cobrissem os rostos com longos cabelos e que mudassem seu acampamento para perto das janelas de Odin, o que eles fizeram instantaneamente. Quando Odin acordou e avistou um bando de barbudos perguntou quem eles eram; ao ouvir sua exclamação, Frigga gritou triunfante que Odin tinha lhes dado um novo nome (Longobarden, significando "longas barbas") e que de acordo com a tradição, devia lhes dar um presente de batismo, ou seja, a vitória. Odin teve que aceitar o engodo de Frigga e, assim, os Winnilers mudaram seu nome para Longobardos e se instalaram nos campos férteis de Longobardia, louvando e honrando Odin, seu deus padrinho.
Frigga e Odin eram cultuados principalmente na Suécia, onde existem lugares associados com seus nomes e também no sul da Alemanha.
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O roubo do ouro.


A atração de Frigga por adornos de ouro, levou-a a dar um passo errado, pois ela retirou um pedaço deste metal cobiçado de uma estátua de Odin, recém-colocada no seu templo. Ela entregou depois o outro para os anões ferreiros, pedindo que dele fosse confeccionado um primoroso colar, mas quando Odin descobriu o roubo do ouro da sua estátua, ficou furioso e intimou os anões a revelaram o autor do furto. Mesmo apavorados com a fúria de Odin, eles permaneceram em silêncio por não ousarem trair a rainha celeste. Odin ordenou então que a estátua fosse colocada acima da entrada do templo e iniciou um poderoso encantamento rúnico para que ela adquirisse o dom da fala e denunciasse o ladrão. Sabendo disso, Frigga ficou apavorada com sua possível denúncia pública e pediu a sua fiel acompanhante Fulla uma solução para protegê-la da fúria e vingança de Odin. Fulla trouxe um renomado bruxo anão, com uma aparência horrível, mas que ofereceu para impedir a estátua de falar, desde que Frigga o abraçasse com carinho, o que ela fez. O anão correu para o templo, fez os guardas dormirem e quebrou a estátua em inúmeros pedaços, sem que ela revelasse o segredo. Mais enfurecido ainda com o sacrilégio feito no seu templo, Odin desapareceu de Asgard, levando consigo as costumeiras bênçãos para a humanidade, o que permitiu a invasão de Jötuns (Gigantes de Gelo, localizados em Jötunheim) e a prolongação de um rigoroso inverno durante sete meses (Um dos sinais do Ragnarök, O Crepusculo dos deuses). Na sua volta, Odin enfrentou e expulsou os Gigantes, devolveu a luz e o calor para a terra e fez as pazes com sua esposa.

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