sábado, fevereiro 11

A amarração do lobo Fenrir pelo deus Tyr.




O mito mais conhecido de Tyr é sua atuação na amarração do feroz loboFenrir (ou Fenris segundo outras fontes), filho de Loki e da giganta Angrbodae irmão da terrível Serpente do Mundo da deusa Hel. Apesar de Loki ter mantido em segredo a existência dos animais monstruosos, Odin os avistou do seu trono celeste e, preocupado com a ameaça que eles representavam para Asgard, decidiu afastá-los. Ele concedeu a Hel a regência dos nove reinos dos mortos no mundo subterrâneo e jogou a serpente Jörmundgand no mar, onde ela cercou Midgard ([fortaleza do meio] a Terra) com seu imenso corpo. Esperando que Fenrir permanecesse dócil se fosse bem tratado, Odin o levou para Asgard, mas nenhum dos deuses ousou se aproximar e alimentar a fera, com exceção de Tyr. Porém, o lobo foi aumentando de tamanho, ferocidade e voracidade, e, reunidos em conselho, os deuses decidiram amarrá-lo para evitar que criasse problemas com sua fúria destrutiva. Para conseguirem sua captura eles encomendaram aos anões ferreiros uma corrente mágica, aparentemente frágil e fina, mas constituída de materiais impalpáveis como: o som das pisadas do gato, fios da barba de uma mulher, a raiz da montanha, a voz dos peixes, os sonhos do urso e a saliva dos pássaros. Desconfiado da aparente leveza da corrente, denominada Gleipnir
Fenrir temeu uma cilada e aceitou ser amarrado, desde que um deus colocasse a mão na sua boca, em sinal de confiança e boa-fé. Os deuses recuaram perante a proposta, mas Tyr - (ou como disse o JP no #NerdCast270: “Alguém lá no fundo gritou: […] TYR!! […]”) - se ofereceu como garantia e aceitou o desafio. Fenrir foi amarrado, mas quando ele percebeu que, apesar dos seus esforços, não conseguia romper a corrente, decepou a mão de Tyr, que passou a usar depois disso a mão esquerda para segurar a espada. Unindo seus esforços, os deuses arrastaram o lobo amarrado e prenderam no mundo subterrâneo, de onde ele sairá somente no Ragnarök, enfrentando seus milenares inimigos, os deuses Aesir. Acredita-se que a mão de Tyr continuava nas mandíbulas de Fenrir, assim como o olho de Odin permanecia na fonte de Mimir até o seu heroico fim no combate e a catástrofe final do Ragnarök.
Como deus da justiça e padroeiro das leis e juramentos, o paradoxo mostrado na punição de Tyr pelo seu perjúrio, ressalta a nobreza do seu caráter sacrificando sua mão para manter a promessa feita. Enquanto Odin ofereceu um olho para obter conhecimento, Tyr não buscou benefícios pessoais, seu sacrifício sendo um ato altruísta. Mesmo assim, ele foi punido por prestar um falso juramento e infringir a lei por ele representada. Existem divergências nos mitos - antigos e mais recentes - sobre o verdadeiro adversário de Fenrir no Ragnarök: Tyr ou Odin. No mito mais conhecido, Tyr morreu no combate final após enfrentar o cão Garm, guardião do mundo subterrâneo; o feroz lobo Fenrir após conseguir matar Odin (em um confronto gigante de dois adversários corajosos e poderosos, em que nem mesmo o Pai Supremo conseguiu vencer a força do mal representada pelo lobo), é vencido pelo filho deste, Vidar, devidamente preparado pela sua mãe.
A imagem do “deus que amarra” - descrita nos mitos de Wotan, Odin e Tyr -originou o costume de amarrar as vítimas que eram sacrificadas aos deuses da guerra. Inscrições rupestres da Idade do Bronze, na Escandinávia, retratam figuras masculinas com apenas um braço, empunhando uma arma. Esses vestígios comprovam a antiguidade do culto de Tiwaz, transformando depois em Tyr, “o deus com um só braço”. Além do mito acima descrito, são poucas as referencias escritas sobre ele, além da sua designação como símbolo do autossacrifício em prol da comunidade.

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