Quando Thor descobriu o sumiço de seu martelo mágico, ele pediu a ajuda de Loki para encontrá-lo, como retribuição pelo seu resgate da prisão de Geirrod. Loki tomou emprestado novamente o manto de penas de falcão da deusa Freya e saiu voando, até descobrir que o martelo estava enterrado nas profundezas da terra. O gigante Thrym se recusou a devolvê-lo, a não ser que recebesse em troca a deusa Freya como sua esposa. Esta situação causou um grande alvoroço em Asgard, o martelo sendo uma preciosa arma de defesa dos deuses. Freya ficou extremamente irritada e para apaziguá-la, o deus Heimdall sugeriu um plano engenhoso, sem colocar Freya em perigo. Para isso, Thor devia usar um martelo e véu de noiva e viajar até Jötunheim como sendo a própria Freya, acompanhada de sua dama de honra, o disfarce usado por Loki. Thor custou a aceitar por se sentir insultado se aparecesse como mulher, mas cedeu vendo que, sem o martelo, Asgard iria sucumbir perante os gigantes.
Ao chegar em Jötunheim, no meio de uma forte tempestade provocada pela carruagem de Thor, a "noiva" e sua acompanhante foram recebidas com muita alegria e um farto banquete. Porém, o voraz apetite da "noiva" causou muito espanto e desconfiança, até Loki argumentar que a "noiva" tinha devorado um boi e oito salmões devido à sua ansiedade pré-nupcial, que a tinha feito jejuar por oito dias. Quando Thrym tentou beijar a noiva, ficou assustado com o brilho feroz dos olhos que o fulminaram através do véu, mas Loki novamente explicou que Freya não tinha conseguido dormir há oito noites por estar tão ansiosa em se casar. Para apressar o casamento, o martelo foi trazido e, conforme o costume, colocado no colo da "noiva" para selar o matrimônio. Assim que Thor o teve nas mãos, levou pouco tempo para matar os gigantes convidados para a festa, incluindo o próprio Thrym, retornando em seguida triunfante para Asgard.
Nessa história cômica e com episódios bastante implausíveis, podemos reconhecer a dedicação de Thor e seus esforços para proteger os deuses e Asgard, até mesmo sacrificando temporariamente sua famosa agressividade e proverbial masculinidade. Thor age como um verdadeiro xamã, mantendo a integridade da comunidade, protegendo-a das agressões externas e se movimentando entre os mundos usando disfarces ou metamorfoses. Seus vários títulos definem suas atribuições, sendo conhecido como Guardião de Midgard, Deus dos camponeses, Thrudugr (o poderoso),Thrudvald (o grande protetor), Senhor da fúria justificada, Amigo da humanidade, Matador dos gigantes, Campeão de Asgard, Dono do cinto de poder, Thunar Karl (o velho Thunar), O vingador, O deus trovejante.
Nascido da terra, Thor protegia e dava estabilidade, ele revigorava e centrava seus adeptos e seguidores, conferindo tenacidade e perseverança, segurança e coragem. Percebendo o seu escudo, a força do seu cinturão mágico e a defesa conferida pelo seu martelo, possibilitava aos guerreiros nórdicos ver Thor como um valioso amigo e aliado, guardião e protetor contra injustiças, agressões e maldades.
Os gigantes — inimigos eternos de Thor — eram também representados pelas calamidades naturais, os desequilíbrios climáticos e ecológicos, a ganância dos proprietários de terra, as injustiças e desigualdades entre as classes sociais e com os povos nativos, os permanentes conflitos com os vizinhos, entre as tribos e os familiares, a corrupção de monarcas e chefes guerreiros, em suma o caos e a violência, em todos os níveis e formas de agir, que foram crescendo e se expandindo até desencadear o cataclismo do Ragnarök.
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