Conhecido como o vingador do seu irmão Baldur, Vali sobrevive ao Ragnarök junto com outro irmão, Vidar, por serem "imunes ao foto e ao mar" (sem que o mito explique a razão disso). Ele era o filho de Odin com a giganta Rind e o seu nascimento e sua predestinação para matar o irmão cedo Hödur - e se vingar dessa forma a morte injusta de Baldur - tinha sido vaticinada pelo espírito da vidente consultada por Odin (quando ele tinha ido para o reino de Hel obter explicações sobre os presságios fúnebres recebidos por Baldur nos seus sonhos).
Como a vidente tinha especificado o nome da mãe do vingador, Odin se deslocou para o reino do rei Billing, que estava sendo ameaçado por uma invasão. Como o rei era velho, ele esperava que sua filha fosse se casar com um dos pretendentes e o genro assumisse o comando dos guerreiros. Porém a princesa Rinda recusava-se a casar, mesmo quando um estranho - que tinha auxiliado o rei com seus conselhos para vencer o exército invasor (sem revelar que ele era o deus Odin) - pediu sua mão como recompensa. Odin não desistiu da intenção de se casar com Rinda; ele assumiu uma forma de um joalheiro que ofereceu ao rei inúmeras joias e ornamentos de ouro e prata, pedindo em troca a mão da princesa, mas foi novamente recusado. Na terceira tentativa, Odin se apresentou como um lindo e brilhante guerreiro, sem conseguir, todavia, tocar o coração glacial de Rinda. Enfurecido, Odin entoou um encantamento que a fez mergulhar em um sono letárgico e, ao despertar, cair numa profunda depressão. Uma pretensa velha curandeira se ofereceu para cuidar dela; dando-lhe um banho quente e entoando alguns encantamentos, a velha, que era o disfarce usado por Odin, a se casar com o deus, para se livrar dos feitiços usados por ele. O filho deles, batizado Vali, cresceu com uma rapidez vertiginosa e nunca vista, alcançando o tamanho completo em um dia. Sem se lavar, sem cortar a barba ou pentear os cabelos (requisitos quebrados por qualquer guerreiro nórdico e dispensados apenas em caso de juramentos ou promessas), Vali pegou seu arco indo para Asgard, de Baldur. Mesmo não tendo sido um ato voluntário ou uma decisão própria dele, o crime feito por Hödur exigia a retificação pela punição.
Nesse mito, Rinda - personificação a terra congelada pelos rigores do inverno - resistiu à corte insistente de Odin, representando o calor solar, que anuncia o despertar da natureza na primavera e as promessas abundantes da colheita no verão. Rinda somente cede após o banho quente dado pela pretensa curandeira ela aceita o abraço caloroso do mago Odin e torna-se a mãe de Vali, que nasce nos dias luminosos do verão. O mito de Vali, portanto, é a metáfora do ressurgimento da luz após a escuridão do inverno e do rápido crescimento da vegetação da terra fertilizada pelo calor dos raios solares.
Vali morava junto com Odin no palácio Valaskialf e como tinha sido predestinado antes de nascer, ele irá sobreviver ao Ragnarök e reinar junto com seus irmãos no Novo Mundo, renovado e regenerado. Era representado como um arqueiro e o mês a ele destinado no calendário norueguês, que abrangia a metade dos meses de janeiro e fevereiro e era simbolizado pelo arco, chamava-se Lios-beri, "aquele que traz a luz". Após a cristianização foi sincretizado como São Valentim, que também era arqueiro e depois proclamado o padroeiro dos sentimentos ternos e dos namorados, sendo celebrado até hoje nos países de origem anglo-saxã.
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