quarta-feira, agosto 22

The Blood of Odin



The Blood Of Odin

Manowar



Upon his shoulders perch two ravens, huginn and muninn. They circle the earth by 

Day seeing all, at night they report to him the world's tidings. He wears a golden 
Helmet and a golden ring, at his side sit two wolves. His weapons a magic sword 
And a spear called gungnir, they are carved with runes. His eight legged horse sleipnir 
Carries him over land sea and air, the bringer of the valiant dead, the einherjar, from 
The battlefield across the rainbow bridge to valhalla.

For a single drink of the enchanted water he paid with one eye, he was granted 

Supreme wisdom. He is the god of poetry, sorcery, and death. Wounded, pierced by 
A spear he hung upside down for nine days. Fasting and agony he made of himself 
A sacrifice to himself. Given no bread nor mead he looked down, and with a loud 
Cry fell screaming from the world tree. In a flash of insight the secret magic of the 
Runes was revealed to him. He took up the runes and mastered them, eighteen powerful 
Charms for protection, success in battle, lovemaking, healing and the power to bring 
Back the dead.

His sacred blood mixed with black wind and rain wept down from the world tree 

Deep into the earth. He commanded the earth to crack open and to spew forth the 
Strongest of the strong!

On this day he did bestow unto the world the sons of odin!

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Essa narração escrita pela banda americana Manowar, mostra como o Pai Supremo, Odin adquiriu o conhecimento das runas.

segunda-feira, agosto 20

Regentes da Morte - Hel (Hela, Helle, Heljar), A Senhora do Mundo Subterrâneo.


No conceito nórdico sobre a vida pós-morte, as almas daqueles que não tinham morrido em combates iam para o Reino de Hel: Nilfheim, "o mundo de névoa", equivalente ao mundo subterrâneo ou Nifelhel, "a morada dos mortos".
Snorri Sturluson cita várias vezes o termo Nilfheim (não encontrado nos poemas) como um mundo anterior à criação da terra, o reino escuro e frio cósmico, ambos participando do processo de criação. Segundo ele, Nilfheim tem uma função cosmogônica e cosmológica, mas também participa do presente mítico, como morada dos mortos e que teria sido entregue por Odin a Hel, filha de Loki. Odin deu a Hel o domínio sobre um reino formado por nove círculos ou planos, que iriam abrigar todos que morressem de causas naturais (como doenças ou velhice), as mulheres que morriam nos partos, mas crianças nati-mortas e aqueles seres humanos enviados a ela como punição devido aos crimes cometidos.
A residência de Hel era um palácio grande, sombrio, úmido e gelado chamando Elvidner, com uma ponte por cima de um precipício, uma porta imensa, paredes altas e uma soleira chamada "ruína". Ela se alimentava em um prato denominado "fome", usava um garfo "penúria" e a faca do "emaciamento", sendo servida por seus auxiliares "senilidade" e "decrepitude", tendo como companheiros o "atraso" e a "lentidão" e sempre defendida pelo cão infernal Garm. ↓


Sua cama era chamada "doença", o cobertor era a "angústia", as cortinas "má sorte", o caminho que levava à sua morada "provação", com uma ponte que atravessava o "rio dos ecos" Gjoll, passando pela "Floresta de Ferro", com árvores metálicas, cujas folhas cortavam como punhais e finalmente chegava ao portão Helgrind, guardado pela giganta Mordgud, que avaliava as motivações dos visitantes antes de permitir-lhes a passagem.

A cidade de Hel, Valgrind, era povoada por trolls, os seres encarregados de levar os inimigos das divindades para serem "cozidos" no borbulhante caldeirão Hvergelmir (sim, aquele caldeirão lá, tá ligado?). Perto desde caldeirão e da fonte que o alimentava, encontrava-se a terceira raiz - "infernal" - de Yggdrasil, roída incessantemente pelo dragão Niddhog. As outras duas raízes se estendiam para o mundo das divindades Aesir e para Jötunheim, o reino dos gigantes de gelo.
Diferente de Nilfheim, o nome Nifhel é encontrado nos poemas dos Skalds (poetas islandeses) e descrito como uma versão inferior do reino de Hel, que abrigava certos espíritos, principalmente daquelas pessoas que tinham cometido maldades e crimes enquanto vivos. Os que morriam de maneira heroica ou por atos nobres eram levados pelas Valquírias para os salões de Odin e Freyja, as moças solteiras iam para o palácio de Gefjon, os afogados para os reinos subaquáticos de Aegir e Ran. Existia também a possibilidade de os devotos irem para o mundo da divindade que tinham reverenciado e cultuado durante sua vida.

Hel ou Hella era a filha da giganta Angrboda e do deus Loki, irmã dos monstros Jörmundgand e Fenrir, tendo nascido em uma gruta escura. Era descrita como uma mulher dividida em metades com atributos alegóricos opostos: metade preta e sombria, metade branca e luminosa, meio viva e meio morta, meio decrépita e meio jovem. Ela visitava Midgard cavalgando uma égua preta de três patas e espalhava fome, guerras e epidemias, as temidas pragas que assolavam o mundo antigo. O pássaro vermelho de Hel irá anunciar com seu canto o início do Ragnarök, quando ela ajudará seu pai Loki, na guerra contra os Aesir. Mas Hel também morrerá depois que o gigante Surt ateará fogo nos mundos e a terra sucumbirá mergulhando no mar. Hel é a terceira deusa que irá morrer jungo com Sunna e Bil.

O nome da deusa Hel passou por uma "contaminação" semântica entre os povos cristianizados da Alemanha, Escandinávia e anglo-saxões, sendo sobreposto à descrição terrível do mundo subterrâneo da tradição indo-iraniana. Após a identificação do reino de Hel como um conceito mediterrâneo de um mundo de tormentas e sofrimentos, o norte europeu assimilou a visão cristã de um mundo subterrâneo caracterizado pela punição e expiação dos pecados. Portanto, a visão inicial dos poemas islandeses e de Sturluson foi distorcida pela influência cristã, deturpação favorecida pelas metáforas que descreviam a deusa Hel de uma forma apavorante para os leigos. Na realidade, os detalhes "lúgubres" da figura de Hel representam os poderes das antigas divindades Vanir e a relação entre a morte e a fertilidade da terra. Por um lado Hel é a terra representada pelo túmulo apavorante, mas por outro lado ela é a Mãe Terra que acolhe, protege e nutre as sementes para que elas possam nascer. Nos eventos cósmicos do Ragnarök, Hel exerce seu aspecto protetor, resguardando as almas de Baldur e Hödur, permitindo sua volta no final dos combates e sua atuação na reconstrução do Novo Mundo.

Os povos nórdicos acreditavam em várias formas de reencarnação, não necessariamente nos moldes dos conceitos modernos. Em vários poemas existem referências sobre renascimento de certos heróis ou reis, com a continuidade dos nomes sem elos genéticos entre si, escolhidos deliberadamente para conferir às crianças no rito da "nomeação" as qualidades do morto. Ao receber o nome e a proteção espiritual do clã (kin fylgja), a criança adquiria também um orlög (destino) semelhante, como provam os vários personagens históricos chamados Helgi, que tiveram carreiras, vidas e mortes parecidas.

sexta-feira, agosto 17

O duelo de Thor com Hrugnir.


Perante a provocação do gigante Hrugnir - que ameaçou destruir Asgard e raptar as deusas Freyja e Sif -, Thor decidiu lutar com ele. Para auxiliar Hrugnir, os gigantes confeccionaram um homem de argila para servir de adversário a Thjalfi, o acompanhante de Thor. Hrugnir possuía uma cabeça de pedra, um coração triangular de rocha e lutava com um escudo de granito e uma pedra de amolar.
Quando Thor lançou raios e seu martelo enquanto o gigante jogava a pedra, as armas se chocaram no ar, a pedra foi despedaçada, assim como a cabeça de Hrugnir, mas um pedaço de pedra de amolar se alojou na testa de Thor. Thialfi despedaçou a figura de argila sem dificuldade (o estratagema visava afastá-lo de Thor), mas Thor teve que recorrer a uma giganta curandeira para tentar tirar o estilhaço da sua cabeça. Ela iniciou um longo encantamento, mas parou antes de terminar, pois ficou enfurecida ao ouvir Thor se gabando que num encontro anterior com os gigantes, ele tinha jogado o dedão congelado do seu marido Orvandil no céu, onde tinha se transformado numa estrela. Por isso, Thor continuou com a pedra alojada na sua testa até seu fim.





segunda-feira, agosto 6

Mitos de Saule e Saules Meita.


A deusa solar Saule era casada com Meness, o deus lunar, e a primeira filha do casal foi a terra, seguida de inúmeros outros filhos, as estrelas. Saule saia de casa de madrugada e voltava ao anoitecer, após ter conduzido sua carruagem no céu o dia todo. Meness era preguiçoso e lerdo, dormia de dia e saía com sua carruagem lunar à noite, porém nem sempre, dependendo da sua vontade ou humor. A luz da vida de Saule era sua filha (chamada Saules Meita, Austrine, Valkyrine ou Berbelina), regente da estrela matutina, que ela procurava todos os dias ao anoitecer, após cuidar dos cavalos que puxavam a carruagem, famintos e cansados pela longa jornada. Uma noite Saules Meita não apareceu, pois estava em estado de choque, tendo sido estuprada pelo seu pai. Enraivecida por este fato abominável, magoada pela traição e chorando lágrimas de âmbar, Saule pegou uma espada e retalhou o rosto de Meness, expulsando-o de casa; por isso eles nunca mais foram vistos juntos no céu. Para diminuir a dor e a vergonha da filha e poder protegê-la melhor, Saule a mantém sempre ao seu lado, quando Saules Meita aparece no alvorecer ou ao anoitecer como a brilhante "estrela matutina ou vespertina" (O planeta Vênus). Os povos bálticos saudavam Saule se inclinando para o leste todas as manhãs e a comemoravam no solstício de verão com canções tradicionais  chamadas dainas, banhos nos rios, guirlandas de flores e fogueiras ao longo da noite.
Por ser a língua lituana a mais preservada das que sobreviveram do ramo indo-europeu, acredita-se que Saule era uma deusa arcaica norte-europeia, cujo culto era anterior às invasões indo europeias, sendo um arquétipo vital para a sobrevivência dos povos nórdicos. Saule é a mais antiga deusa solar e tecelã, que chorava lágrimas de âmbar e era associada como fuso, tear, anões ferreiros, colares mágicos, danças circulares e labirintos, imagens também associadas com outras deusas e que fazem parte da complexa simbologia solar. Os povos bálticos, preservadores do culto da deusa solar apareceram no norte europeu entre 8000-4000 a.C. como tribos agrícolas, que se mesclaram depois com os invasores nômades indo-europeus. Enquanto os outros descendentes dos indo-europeus simplificaram os mitos e se distanciaram das suas origens, os povos bálticos preservaram a complexidade linguística e a riqueza mitológica, principalmente o culto da deusa solar. A conexão entre fiar, tecer, sol e o âmbar é muito antiga, inúmeros fusos de âmbar foram achados nos túmulos do norte europeu, o âmbar sendo visto como uma pedra sagrada e ofertado à deusa tecelã solar milênios antes de ser usado em colares.
A descrição de uma deusa sentada sobre uma pedra e fiando com um fuso de ouro momentos antes de o sol nascer, é uma imagem comum a todos os povos do norte, centro, leste e oeste da Europa, confirmando assim a antiguidade do culto da deusa solar. Observando a recorrência das mesmas imagens - fusos e rodas de fiar, anões, globos, anéis, círculos, espirais e labirintos - pode-se concluir que o mito da deusa solar existiu durante milênios em várias culturas antigas como Escandinávia, Alemanha, Finlândia, países bálticos e eslavos, Rússia, Japão, Islândia, Grã-Bretanha e América do Noite. Em todas as lendas dessas regiões aparece uma deusa solar, fiando e tecendo, regendo a vida e a procriação, estabelecendo a ordem e os ciclos, conduzindo e protegendo a trajetória dos seres vivos, integrando a dualidade de luz e sombra, vida e morte



sexta-feira, agosto 3

Vali (Wali, Bous, Ali), O Vingador.



Conhecido como o vingador do seu irmão Baldur, Vali sobrevive ao Ragnarök junto com outro irmão, Vidar, por serem "imunes ao foto e ao mar" (sem que o mito explique a razão disso). Ele era o filho de Odin com a giganta Rind e o seu nascimento e sua predestinação para matar o irmão cedo Hödur - e se vingar dessa forma a morte injusta de Baldur - tinha sido vaticinada pelo espírito da vidente consultada por Odin (quando ele tinha ido para o reino de Hel obter explicações sobre os presságios fúnebres recebidos por Baldur nos seus sonhos).

Como a vidente tinha especificado o nome da mãe do vingador, Odin se deslocou para o reino do rei Billing, que estava sendo ameaçado por uma invasão. Como o rei era velho, ele esperava que sua filha fosse se casar com um dos pretendentes e o genro assumisse o comando dos guerreiros. Porém a princesa Rinda recusava-se a casar, mesmo quando um estranho - que tinha auxiliado o rei com seus conselhos para vencer o exército invasor (sem revelar que ele era o deus Odin) - pediu sua mão como recompensa. Odin não desistiu da intenção de se casar com Rinda; ele assumiu uma forma de um joalheiro que ofereceu ao rei inúmeras joias e ornamentos de ouro e prata, pedindo em troca a mão da princesa, mas foi novamente recusado. Na terceira tentativa, Odin se apresentou como um lindo e brilhante guerreiro, sem conseguir, todavia, tocar o coração glacial de Rinda. Enfurecido, Odin entoou um encantamento que a fez mergulhar em um sono letárgico e, ao despertar, cair numa profunda depressão. Uma pretensa velha curandeira se ofereceu para cuidar dela; dando-lhe um banho quente e entoando alguns encantamentos, a velha, que era o disfarce usado por Odin, a se casar com o deus, para se livrar dos feitiços usados por ele. O filho deles, batizado Vali, cresceu com uma rapidez vertiginosa e nunca vista, alcançando o tamanho completo em um dia. Sem se lavar, sem cortar a barba ou pentear os cabelos (requisitos quebrados por qualquer guerreiro nórdico e dispensados apenas em caso de juramentos ou promessas), Vali pegou seu arco indo para Asgard, de Baldur. Mesmo não tendo sido um ato voluntário ou uma decisão própria dele, o crime feito por Hödur exigia a retificação pela punição.
Nesse mito, Rinda - personificação a terra congelada pelos rigores do inverno - resistiu à corte insistente de Odin, representando o calor solar, que anuncia o despertar da natureza na primavera e as promessas abundantes da colheita no verão. Rinda somente cede após o banho quente dado pela pretensa curandeira ela aceita o abraço caloroso do mago Odin e torna-se a mãe de Vali, que nasce nos dias luminosos do verão. O mito de Vali, portanto, é a metáfora do ressurgimento da luz após a escuridão do inverno e do rápido crescimento da vegetação da terra fertilizada pelo calor dos raios solares.

Vali morava junto com Odin no palácio Valaskialf e como tinha sido predestinado antes de nascer, ele irá sobreviver ao Ragnarök e reinar junto com seus irmãos no Novo Mundo, renovado e regenerado. Era representado como um arqueiro e o mês a ele destinado no calendário norueguês, que abrangia a metade dos meses de janeiro e fevereiro e era simbolizado pelo arco, chamava-se Lios-beri, "aquele que traz a luz". Após a cristianização foi sincretizado como São Valentim, que também era arqueiro e depois proclamado o padroeiro dos sentimentos ternos e dos namorados, sendo celebrado até hoje nos países de origem anglo-saxã.